Quando pensamos em “Chicago”, o musical, logo vêm à mente as plumas, os figurinos ousados, os movimentos marcados de jazz teatral e os holofotes da Broadway. Mas o que pouca gente sabe é que essa história começou em um tribunal — e não em um palco.
Dois crimes, uma peça e o nascimento de um clássico
Na década de 1920, a cidade de Chicago foi palco de dois casos que chocaram o público: Beulah Annan e Belva Gaertner, duas mulheres brancas, atraentes e acusadas de assassinato. O que mais impressionou a sociedade na época não foram os crimes em si, mas o tratamento que elas receberam da imprensa. A mídia transformou os casos em um verdadeiro espetáculo, explorando o visual, o charme e os depoimentos dramáticos das acusadas.
Foi nesse contexto que a jornalista Maurine Dallas Watkins, que cobria os julgamentos, decidiu transformar sua experiência em uma peça de teatro. Assim nasceu “Chicago”, uma crítica afiada ao sistema judicial e à sociedade obcecada por escândalos e celebridades instantâneas.
Uma sátira que virou fenômeno
Por trás do brilho e das plumas, “Chicago” é uma crítica social poderosa. Fala sobre ambição, manipulação, espetáculo midiático e a facilidade com que a fama pode apagar os limites entre o certo e o errado.
A ironia é a protagonista da peça: os crimes não são exatamente escondidos, mas dançados, cantados e celebrados. O público, ao mesmo tempo que ri, se questiona: até que ponto estamos dispostos a aplaudir o caos quando ele vem em forma de show?
O musical mais longevo da história da Broadway
Com o tempo, “Chicago” conquistou o público de vez. Tornou-se o musical americano mais antigo em cartaz na Broadway, ultrapassando outras produções emblemáticas. Também ganhou adaptação cinematográfica em 2002, com Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones e Richard Gere, que levou o Oscar de Melhor Filme.
Hoje, assistir a “Chicago” é enxergar a dança como uma ferramenta de narrativa e crítica. É ver o jazz teatral se vestir de escândalo, vaidade e ambição — sem perder a elegância do passo.
E agora que você sabe que o musical nasceu de crimes reais… dá pra assistir com outros olhos, não é?

